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Revivendo minha literatura dos nove anos

Sei lá, essa redação que fiz pra um trabalhinho de colégio me persegue desde meus nove anos. Talvez seja bom guardar lembranças, rs.

“Ah, se eu pudesse…

Sábado. A noite demorava pra passar.
Abri meu caderno pra fazer alguns rabiscos que ousava chamar de desenho. Tédio.
Precisava salvar o que restava de tempo antes da hora de dormir.
Então, decidi, ía descer até o velho porão.
Desde o último encontro com aquela porta velha não houve um dia em que não senti medo, mas dessa vez queria arriscar; só dessa vez encontrar um monstro seria demais!
Logo que abri a porta me deparei com o cabideiro velho que carregava a capa antiga do papai. Ah, se eu pudesse!
Na dúvida, escolhi o que me fazia feliz, peguei a capa e me transformei no Super Homem – e olha que eu só tenho nove anos! Com aquela capa e com minha visão especial era capaz de tudo e todos morriam de medo de mim, inclusive aquelas aranhas horrorosas do porão.
Aranhas… Aranhas… Era isso! Escalei as cômodas, armários e jurei que, como Homem Aranha, era meu dever proteger o porão das terríveis ameaças do mofo e ácaros. E foi no meio de minha escalada que vi, no topo daquela cômoda, um imenso palco onde estaria mais do que pronto para revelar ao mundo minha identidade de X-Men.
Mas não deu tempo, a porta estava rangendo.
Continuei no palco, preparado para o ataque. Proteger o porão era meu dever como super herói e não podia falhar.
Quando finalmente ouvi os passos bem próximos a mim, pulei em cima da criatura extra-terrestre.
– Quais são suas últimas palavras, alien?
– Pedro, quantas vezes disse pra você não vir aqui embaixo? E o que você esta fazendo com a minha capa?
Agora estou aqui de castigo enquanto o papai se recupera da dor nas costas. É um saco ter que ficar sentado encarando os vestidos e a echarpe de pirata da mamã…. Echarpe de pirata?!
Ah, se eu pudesse!”